quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Nossas escolas e nossos profissionais

Alguns dias atrás, uma pessoa do meu convívio familiar, com lagrimas nos olhos, me contou que, o professor de educação física da escola em que estudava, por motivos pessoais, havia abandonado o cargo e um substituto assumiu seu lugar. Acontece que em alguns meses ele havia revolucionado a maneira como essa escola estava acostumada a ter aulas de Educação Física, ou seja, ele instituiu períodos de aulas praticas e teóricas e um rodizio entre os esportes praticados nas aulas praticas, não ficando preso apenas ao velho "rola bola".

Nota: Para quem não sabe o "rola bola" é um termo usado dentro da Educação Física para identificar alguns maus profissionais que sentam em uma cadeira, entregam uma bola para a classe e ficam durante toda a aula lendo jornal ou mexendo no telefone celular.

Nas aulas teóricas o professor ensinava regras e benefícios do esporte, e realizava provas de sua matéria, podendo o aluno reprovar o ano caso não atingisse a pontuação necessária, seguindo como em todas as disciplinas da grade curricular daquela escola.
Acontece que, infelizmente os alunos eram acostumados a ter o horário de Educação Física livre para fazer o que quisessem (assim como na explicação do "rola bola") e começaram a reclamar muito do novo professor e seus métodos. Alguns diziam que queriam apenas jogar futebol durante todo o horário, outros que não queriam fazer as aulas ou que estavam cansados.
O Professor se manteve com o pulso firme, dizendo que a falta na sua aula só seria justificada com atestado médico ou algum motivo muito serio, afinal de contas, sendo a Educação Física uma disciplina presente na grade curricular obrigatória, por que trata-la com desdém ou dar menos importância a ela, fato que vem acontecendo ao longo dos anos.
Tudo até aqui são fatos que vem acontecendo todos os dias, principalmente, em nossa rede de ensino publica, mas o que vem a seguir foi o que realmente me deixou indignado.
Os alunos se organizaram e foram até uma das supervisoras da escola. Eles pediram para que ela conversasse com o professor, querendo que ele os liberasse das aulas ou que os deixasse a vontade. Essa supervisora ao invés de chamar o professor e conversar em particular e ter uma conversa para entender a situação, ela "detonou" o professor na frente da classe inteira dentro da sala de aula, desautorizando completamente o profissional perante os adolescentes. Dizendo que ele deveria fazer a vontade dos alunos, por que as aulas de Educação Física serviam apenas para tirar o estresse dos alunos, e ainda disse que o profissional deveria estar presente na quadra da escola apenas para garantir que os alunos não se machucassem.
Quando terminei de ouvir isso fiquei indignado. Como uma profissional da área da educação pode ter esse tipo de atitude?
Então quer dizer então que, uma pessoa passa anos estudando para poder ensinar seus alunos, planeja suas aulas querendo ser respeitado pelo menos por seus companheiros de profissão e ele serve apenas para não deixar que os alunos machuquem numa quadra de escola?

Na verdade eu contei toda essa historia que é real, pois eu tive a comprovação de outras pessoas que estiveram lá também e relataram a mesma situação, para lembrar aos professores e estudantes do nosso país que precisamos valorizar nossos professores sim, mas que enquanto não aprendermos a nos respeitar quanto profissionais, independentemente da área de ensino exercida, não vamos ganhar o tão almejado respeito e valorização da população e dos nossos governantes.  Não foi uma pessoa qualquer que desrespeitou aquele professor, foi uma colega de trabalho. Será que é esse o respeito que o educador físico merece?
Qual a diferença?
Desculpem o desabafo!